Greentechs e cleantechs: startups verdes que unem tecnologia com sustentabilidade

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No cenário atual, em que as mudanças climáticas e a degradação ambiental estão no centro das discussões globais, a inovação tecnológica surge como uma poderosa aliada na busca por um futuro mais sustentável. É nesse contexto que emergem as greentechs e cleantechs, startups que combinam o poder da tecnologia com práticas ecológicas para criar soluções inovadoras que não apenas minimizam os impactos ambientais, mas também promovem a sustentabilidade em larga escala.

Essas startups verdes estão revolucionando setores como energia, agricultura, gestão de resíduos e transporte, desenvolvendo produtos e serviços que vão desde a geração de energia limpa e renovável até sistemas inteligentes de agricultura regenerativa.

Com foco claro em sustentabilidade, essas empresas estão atraindo investidores, governos e consumidores conscientes que buscam alternativas mais sustentáveis para o consumo e a produção.

Neste artigo, exploraremos o universo das greentechs e cleantechs, destacando suas principais áreas de atuação, inovações tecnológicas e o impacto positivo que estão causando no mundo. Além disso, discutiremos como essas startups estão se posicionando no mercado e por que investir em tecnologias sustentáveis é crucial para o futuro do planeta.

O que são cleantechs?

São empresas que buscam melhorar a sustentabilidade ambiental por meio da implementação de um amplo acervo de tecnologias e metodologias que são voltadas para a produção de energia eólica, solar e até em áreas focadas na melhoria dos processos de eficiência de cadeias de abastecimento (como nas hidrelétricas, por exemplo).

Os principais objetivos das cleantechs são:

  • fornecimento de eficiência a custos mais baixos,
  • redução do impacto ecológico negativo,
  • e a otimização da cadeia produtiva das fontes de abastecimento.

Dentre os setores cobertos temos: agricultura, geração de energia, bioquímicos, transporte, logística e meio ambiente.

Quais são as categorias em que as cleantechs são divididas?

  • Agricultura: auxilia na implementação de novos processos e tecnologias no cultivo de safras e na silvicultura, promovendo uma melhor produtividade e sustentabilidade, nos campos.
  • Sequestro de carbono: controle das emissões de carbono, monitoramento e conformidade.
  • Energia: desenvolvimento de projetos envolvendo energia eólica, solar, nuclear e hídrica, tal como soluções a partir de combustíveis renováveis, energia dos oceanos, biomassa e resíduos.
  • Água: abordam soluções de produção tratamento e distribuição de recursos hídricos disponíveis.
  • Armazenamento: aprimoramento de sistemas de armazenamento de energia com foco em redução de custos operacionais e com maior grau de eficiência.
  • Redes inteligentes e arquitetura verde: desenvolvimento de soluções de cogeração de energia, semicondutores e outros sistemas de consumo colaborativos.
  • Sustentabilidade industrial: utilização de conhecimentos da área de engenharia de materiais atrelados à inovação de produtos a fim de desenvolver embalagens ecologicamente sustentáveis.
  • Transportes: desenvolvimento de tecnologias de gestão de tráfego, compartilhamento de caronas e sistemas que diminuam a emissão de CO₂ por veículos automotores, como a redução no número de carros em circulação, e consequentemente melhorar a qualidade do ar das cidades.

Perspectiva de investimento para as cleantechs

O gráfico representado abaixo ilustra os processos e o tempo médio para o amadurecimento de soluções limpas, levando em conta o elevado nível de complexidade para o desenvolvimento de uma solução sustentável, que em muitos casos não possui produtos similares ou concorrentes no mercado.

Há de se salientar que as cleantechs acabam por ter um amparo de políticas públicas para a promoção de iniciativas em prol da manutenção do meio ambiente e da sustentabilidade, o que facilita a adesão de investimentos no setor.

Entretanto, sob uma visão de mercado, o segmento apresenta elevado nível de complexibilidade para se tornar amplamente escalável, fazendo com que as rodadas de captação ultrapassem o prazo de 5 anos. Dessa forma, exigem uma postura mais otimista do investidor acerca do retorno de seu capital aplicado em longo prazo.

jornada de inovação de uma cleantech
Gráfico 1- Cleantech for Europe (typical Growth journey of a cleantech innovation), tradução Arara Seed.

O que são greentechs?

Greentechs são empresas que possuem iniciativas sustentáveis por meio do uso da tecnologia verde, a fim de criar produtos e serviços em prol do combate à degradação do meio ambiente, promovendo a preservação da fauna e flora de ecossistemas globais.

Ramo de atuação das greentechs

Elas combinam o uso de tecnologias sofisticadas e princípios de sustentabilidade, se destacando por atuarem em cinco pilares:

  1. Promoção de iniciativas ao uso de produtos ecológicos e com baixo desgaste ambiental
  2. Redução das emissões de CO₂
  3. Gestão de resíduos sólidos
  4. Gestão eficiente do uso de água
  5. Gestão operacional ESG

Os mercados impactados por essas iniciativas sustentáveis vão desde a agricultura sustentável à logística, passando por energias renováveis e mobilidade.

Cases de sucesso de greentechs e cleantechs

O mercado de tecnologia limpa está em constante desenvolvimento e, com isso, muitas ideias acabam saindo do papel e atraindo o olhar dos investidores.

A equipe da AraraSeed traz dois exemplos de startups, uma para cada categoria, que ilustram a revolução que vem ocorrendo nesses mercados até o presente momento.

Greentech: GoFlux

A GoFlux é uma plataforma SAAS que permite que empresas se conectem a transportadoras e operadores logísticos. A startup visa auxiliar prestadores de serviços com questões relacionadas à precificação de frete, a fim de ajudar no gerenciamento de riscos e na volatilidade desse mercado.

A startup captou o equivalente a R$ 30M neste ano e busca investir esse valor em novas tecnologias de inteligência artificial de sua plataforma de fretes, em sua fintech de pagamentos “NaConta” e na expansão para novos mercados, como alimentos, aço e celulose.

Climatech: Agroforestry Carbon

Fundada em 2020, seu foco é a regeneração agroflorestal, uma alternativa transparente e rastreável aos créditos de carbono. A startup integra produção agrícola e recuperação ambiental, gerando renda para pequenos produtores rurais e incluindo-os no mercado de carbono.

Ao estabelecer parcerias com agricultores regenerativos, é utilizada uma tecnologia de geolocalização para mapear as árvores na área agroflorestal disponível para compensação. O sistema da startup inclui: verificação rigorosa, assegurando transparência e eficácia em todas as etapas.

Além disso, a Agroforestry Carbon fornece o serviço de Inventário de Gases de Efeito Estufa para empresas e eventos.  Após receber o relatório, as organizações podem compensar suas emissões, contribuindo não apenas para a neutralização, mas também para a recuperação de áreas degradadas, a produção de alimentos em sistemas agroflorestais, o enriquecimento da biodiversidade e a melhoria na qualidade de vida das comunidades.

Conclusão

As greentechs e climatechs têm apresentado soluções indispensáveis para a manutenção do meio ambiente e ao combate da degradação dos ecossistemas globais. Suas soluções atendem aos mais diversos setores da indústria, promovendo estratégias muito interessantes para o mercado ESG e auxiliando empresas com descontos tributários por meio de compensações em crédito sustentável.

Entretanto, ainda se trata de novos mercados que precisam de mais tempo de amadurecimento para a validação do modelo de negócio, tendo em vista o elevado nível de complexidade para o desenvolvimento de novas tecnologias do setor.

Cabe ao investidor um maior senso de otimismo e confiança na validação de soluções sustentáveis e inovadoras nesses segmentos de indústrias de impacto, que são cada vez mais promissoras.

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