Fundada em 2021 em Palhoça (SC) por Gabriel Neto, a Agroforestry Carbon é uma climate tech é dona de uma plataforma que conecta pequenos produtores com sistemas agroflorestais a empresas interessadas em compensar suas emissões de CO₂ no planeta e melhorar seus indicadores ESG.
História de fundação e dor de mercado
Engenheiro florestal, formado pela Universidade Federal de Lavras, em Minas Gerais, Gabriel Neto mudou-se para São Paulo logo após pegar seu diploma para trabalhar em uma grande empresa. No entanto, meses depois, em 2019 pediu demissão e decidiu viajar pelo Brasil para conhecer e entender melhor os sistemas agroflorestais do país.
Os sistemas agroflorestais são um método de agricultura regenerativa em que os produtores integram o cultivo agrícola com a plantação de árvores, madeireiras ou frutíferas, podendo ser outra fonte de renda para o agricultor. O objetivo do sistema é promover a saudabilidade do solo com a maior retenção de nutrientes, de forma sustentável e menos nociva possível, sem uso de adubos e químicos.
Durante essa jornada, o engenheiro percebeu o impacto socioambiental positivo das agroflorestas, mas também identificou desafios econômicos, especialmente em relação ao retorno financeiro, que muitas vezes leva mais tempo do que nos sistemas agrícolas convencionais. Compreendendo as dificuldades enfrentadas pelos agricultores, como a falta de fluxo de caixa para aguardar resultados a longo prazo e a ausência de planejamento prévio, Gabriel começou a estudar modelos financeiros para viabilizar as agroflorestas.
A ideia da Agroforestry Carbon surgiu dessa experiência, e em 2020 ele criou um grupo de WhatsApp reunindo cerca de 50 agroflorestores, com o intuito de ajudá-los a conseguir recursos e entender melhor as vivências em comum. Apesar de retomar a rotina de emprego formal em Florianópolis em 2021, o engenheiro continuou seu trabalho paralelo, buscando investidores para concretizar a ideia da Agroforestry.
Em busca de aceleradoras, Gabriel encontrou ao acaso uma placa escrita “Regenera” durante uma manhã em que levava sua filha a escola, e deixou seu telefone com a pessoa que estava no local. Essa ação levou ao contato com a Regenera Ventures, um escritório de capital de risco focado em negócios de estágios iniciais relacionados à restauração de ecossistemas.
A Regenera Ventures decidiu investir R$ 175 mil em junho de 2021 e mais R$ 125 mil em dezembro do mesmo ano, adquirindo 15% de participação na startup. A escolha pela parceria com a Regenera Ventures foi motivada pelo desejo de Gabriel por “smart money”, ou seja, o apoio de investidores experientes e bem-informados, além do capital financeiro. O que ele mais almejava na sociedade era a consultoria e o networking dos novos sócios.
Assim nasceu a Agroforestry, uma climate tech, startup que desenvolve tecnologias voltadas para a mitigação, adaptação ou monitoramento das mudanças climáticas. Os recursos recebidos foram distribuídos para agricultores, incentivando o plantio de diversas espécies, e também foram investidos em marketing, tecnologia e contratação de pessoal.
Agroforestry conecta pequenos produtores a empresas que buscam compensar carbono
Com a missão de contribuir com a regeneração planetária e a justiça climática por meio da oferta de soluções ESG e créditos de biodiversidade agroflorestal, a startup promove o desenvolvimento econômico de pequenos produtores.
A Agroforestry opera através de sua plataforma de Soluções ESG, que é conectada ao marketplace de Créditos de Biodiversidade Agroflorestal (CBA). Os serviços da plataforma são: Inventário GEE, Plano de Assinatura, Projetos Personalizados, Calculadora de CO₂ personalizada e Compensação de CO₂.
A operação é basicamente o cadastro de produtores que utilizam o sistema agroflorestal regenerativo, e que posteriormente irão receber recursos financeiros para plantio e manejo à medida que as empresas clientes assinam os planos de acordo com a quantidade de CO₂ que desejam compensar. Os preços são a partir de R$ 19,00 por mês. A startup fica com 20 a 30% do financiamento das agroflorestas.
Além de compensar as emissões de carbono de forma transparente e eficaz, as empresas contribuem para a recuperação de áreas degradadas, produção de alimentos em sistemas agroflorestais e aumento da biodiversidade. Junto com o certificado de compensação, as marcas têm acesso ao mapa do plantio que é rastreado através de geotecnologias, ao selo de compensação que pode ser utilizado em seus produtos e redes sociais e os clientes podem conferir no site da startup o local, data e quais espécies de árvores foram plantadas.
Atualmente a Agroforestry Carbon conta com mais de 500 propriedades agroecológicas cadastradas na plataforma, e muito desse número veio do boca a boca entre os agricultores e reflete a necessidade de recursos que os produtores adeptos de sistemas sustentáveis possuem. Delas, 205 já receberam recursos técnicos e financeiros.
A startup se preocupa em colaborar com o máximo de produtores possível, e já plantou mais de 100.000 árvores, sequestrou mais de 20.000 toneladas de CO₂, restaurou 120 hectares e produziu mais de 550 toneladas de alimentos.
Rodadas de investimentos da Agroforestry Carbon
O primeiro investidor da startup, em 2021, a Regenera Ventures, empresa focada em apoiar e impulsionar projetos e negócios em early stage que tenham como objetivo beneficiar comunidades e restaurar ecossistemas, proporcionando não apenas capital, mas também consultoria e networking para promover o desenvolvimento e o sucesso das empresas em que investe. Aportaram um total de R$ 300 mil para o início das operações.
Em fevereiro de 2024, a Agroforestry lançou sua segunda captação, que está sendo realizada via crowdfunding pela plataforma Arara Seed com a meta de captar R$ 1.600.000. O modelo de captação é aberto a pessoas físicas que queiram investir a partir de R$ 1.000 na startup, podendo diversificar seu portfólio e ter retornos financeiros exponenciais. O destino do aporte será investir na evolução da plataforma, aprimorar as tecnologias utilizadas e otimizar a contagem de carbono.
Marcos estratégicos e projeções para o futuro
- Hoje a equipe conta com 23 colaboradores, e quase metade é voltada à tecnologia;
- A startup ficou entre as finalistas do Climate Launchpad 2022, maior competição glogal de negócios que objetivam mitigar as mudanças climáticas. A competição contempla cerca de 50 países;
- O faturamento de 2023 chegou a R$ 2,5 milhões em 2023. Em 2022 o valor foi de R$ 56 mil;
- Foram elencados como uma das startups mais promissoras em impacto pela Pequenas Empresas Grandes Negócios da Rede Globo;
- A meta para 2030 é de plantar 10 milhões de árvores e produzir 900 mil alimentos;
- Querem estabelecer uma universidade agroflorestal híbrida para capacitar 12.000 agricultores regenerativos até 2030;
- Planejam criar 10 agroindústrias em comunidades agroflorestais, apoiando o processamento e venda dos produtos.
E aí, você sabia que existia uma forma tão simples de compensar o carbono emitido pelas empresas? Comente aqui o que achou deste conteúdo.