De acordo com dados do Pitchbook, as climate techs (startups de clima) receberam US$ 2,8 bilhões em aportes com crescimento trimestral no volume de capital em 37,9%, mostrando apetite dos investidores por soluções voltadas para mudanças climáticas.
Startups de clima têm sua relevância já comprovada
O ano de 2023 foi considerado o mais quente já registrado, com temperaturas globais aproximando-se do limite de 1,5 °C. Em 2024, o mês de fevereiro foi considerado como o mês mais quente de que se tem registro, com uma temperatura média 1,8 °C acima da era pré-industrial (dados do climate techs Report 2024, da Dealroom).
O cenário atual do planeta pede, mais do que nunca, por soluções que forneçam adaptações para enfrentarmos e diminuam as alterações provocadas pelo aquecimento da Terra. Neste cenário surgem as climate techs, que são empresas de tecnologia que se dedicam a desenvolver e aplicar soluções tecnológicas para mitigar efeitos das mudanças climáticas, reduzir emissões de gases de efeito estufa e promover práticas sustentáveis em diferentes setores da economia.
Impulsionadas pelo investimento federal dos EUA na descarbonização industrial, as startups de clima estão desenvolvendo rapidamente soluções que combatem as mudanças climáticas e de olho no mercado de carbono.
Essa tendência não passou despercebida pelos investidores, que estão cada vez mais atentos à necessidade do mundo de se adaptar rapidamente às mudanças climáticas. Consequentemente, sabemos que vai haver muito dinheiro na mesa, contudo, o movimento atual no VC ainda não é suficiente para alcançar todo o potencial de mitigação das startups.
O Brasil pode ser um dos principais exportadores de tecnologia climática
O potencial brasileiro para soluções de clima é gigante. A vastidão de recursos naturais pode alimentar a economia verde e reduzir ainda mais a dependência de fontes de energia não renováveis.
A diversidade biológica tem muito a ser explorada de maneira sustentável para a produção de materiais e insumos de base biológica, como biocombustíveis, biofertilizantes, biomateriais e produtos farmacêuticos. A extensão territorial e a força do agro, possibilitarão uma presença forte no mercado de carbono, atreladas à reconstrução de áreas desmatadas e pastagens degradadas.
A exemplo disso, em 2023 a Agroforestry Carbon contribuiu para o financiamento do plantio de mais de 280 mil árvores, as quais foram mapeadas com geotecnologia. Os plantios e a restauração de áreas degradadas sequestraram mais 40 mil toneladas de CO₂. A climate tech possui uma solução que conecta empresas que querem compensar voluntariamente suas pegadas de carbono a agricultores que fazem o plantio em agroflorestas e restauram áreas degradadas.
A partir da plataforma da Agroforestry, as árvores plantadas são submetidas a um sistema de geolocalização que permite rastrear o histórico do plantio incluindo data, espécie, local e outras informações. Essa geolocalização garante a compensação e permite que as empresas divulguem seus resultados junto a um selo de compensação nas suas estratégias de sustentabilidade e impacto.
Outra climate tech brasileira de destaque é a Umgrauemeio, que desenvolveu a Pantera, uma plataforma para traduzir os fundamentos do combate a incêndios em soluções tecnológicas. A startup utiliza tecnologia de ponta, incluindo inteligência artificial e câmeras de alta resolução, para detectar incêndios florestais em estágio inicial. Seu sistema oferece uma resposta rápida e eficaz, permitindo a percepção instantânea de fumaça e atividades humanas próximas a áreas de floresta e plantações.
Olhando para o futuro a partir do cenário atual, a tendência é que esse mercado continue crescendo principalmente diante das tragédias cada vez mais frequentes causadas pelas mudanças climáticas.
A busca por soluções que diminuam os efeitos da alteração do clima será ampliada tanto por governos quanto por empresas e instituições. O mercado de carbono representa uma oportunidade imensa para o Brasil. Atrelado à agricultura regenerativa, o potencial de gerar créditos de carbono pode se transformar em uma fonte significativa de receita.
Olhando para o futuro, o mercado de startups de clima está destinado a aumentar ainda mais. A crescente frequência de desastres climáticos e a pressão para a adoção de soluções sustentáveis pela sociedade, governos e empresas impulsionarão ainda mais os investimentos. O mercado de carbono, em particular, oferece uma oportunidade significativa para o Brasil, que pode transformar créditos de carbono em uma fonte lucrativa de receita, contribuindo para uma economia mais verde e sustentável. Esse cenário reafirma que investir em climate tech não é apenas necessário, mas também uma oportunidade lucrativa para o bolso dos investidores.