Preservação e restauração de áreas degradadas são abordagens essenciais na gestão ambiental, cada uma com suas características e objetivos. Preservação e restauração de áreas degradadas são abordagens essenciais na gestão ambiental, cada uma com suas características e objetivos.

Diferença entre preservação e restauração de áreas degradadas

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Preservação e restauração de áreas degradadas são abordagens essenciais na gestão ambiental, cada uma com suas características distintas e objetivos específicos. Embora frequentemente utilizadas de forma intercambiável, é crucial entender as diferenças entre esses dois conceitos para desenvolver estratégias eficazes de conservação e recuperação ambiental.

Áreas de preservação ambiental

A preservação ambiental diz respeito à proteção e manutenção de ecossistemas naturais em seu estado original, sem interferência humana significativa. O principal objetivo da preservação é conservar a biodiversidade, os processos ecológicos e os recursos naturais, garantindo a sustentabilidade dos sistemas naturais em longo prazo. Isso inclui a proteção de áreas de conservação, como parques nacionais, reservas naturais e áreas de proteção ambiental, onde a intervenção humana é minimizada para permitir que a natureza siga seu curso natural.

Vale ressaltar que as áreas de preservação se diferenciam das áreas de conservação. Enquanto as áreas preservadas são dedicadas principalmente à proteção da natureza sem intervenção humana significativa, as áreas conservadas buscam conciliar a conservação ambiental com o uso sustentável dos recursos naturais.

O objetivo da área preservada de proteger ecossistemas e biodiversidade, mantendo-os em seu estado original, geralmente é alcançado por meio de uma abordagem de interferência humana minimizada, e as atividades são limitadas a medidas de conservação passiva, como implementação de políticas de proteção e vigilância contra atividades ilegais. Parques nacionais, reservas naturais e santuários de vida selvagem são exemplos de áreas preservadas.

Por outro lado, as áreas conservadas envolvem uma gestão mais ativa, visando à conservação ambiental e ao uso sustentável dos recursos naturais. Isso inclui a implementação de práticas de manejo sustentável, monitoramento ambiental e medidas de restauração ecológica quando necessário.

Áreas conservadas buscam conciliar as necessidades humanas com a conservação da natureza, promovendo o uso responsável dos recursos naturais. Exemplos incluem reservas de desenvolvimento sustentável, áreas de manejo florestal e parques naturais geridos de forma sustentável.

Os métodos de preservação incluem criação e implementação de políticas de conservação, designação de áreas protegidas, monitoramento da biodiversidade, educação ambiental e conscientização pública. Além disso, práticas de manejo sustentável, como turismo ecológico e uso controlado de recursos naturais, podem ser adotados em áreas preservadas para promover a coexistência harmoniosa entre humanos e natureza.

A preservação ambiental no Brasil

O estudo da Embrapa, que realizou a análise do Cadastro Ambiental Rural (CAR), apontou que as áreas protegidas e preservadas no Brasil totalizam 49,8% do território nacional.

Áreas protegidas e preservadas no Brasil
Fonte: Embrapa: Análises do Cadastro Ambiental Rural.

Dentro dessa área, existem as que são preservadas pelo mundo rural. De toda a área territorial brasileira, 25,6% dela são destinados à preservação das florestas nativas dentro dos imóveis rurais.

Áreas destinadas à preservação das florestas nativas dentro dos imóveis rurais
Fonte: Embrapa: Análises do Cadastro Ambiental Rural.

Os outros 24,2% do total de proteção e conservação são representados pelas unidades de conservação integrais (10,4%) somadas a seiscentas terras indígenas (13,8%).

Quando somadas à vegetação nativa das terras devolutas e militares e os imóveis rurais não cadastrados no CAR chegam a um total de 66,3% do território nacional destinado e/ou ocupado com vegetação nativa e diversidade de biomas.

Restauração de áreas ambientais degradadas

A restauração de áreas degradadas refere-se ao processo de recuperar ecossistemas que foram danificados, degradados ou destruídos por atividades humanas ou eventos naturais. O objetivo da restauração é restabelecer as funções ecológicas, a estrutura da comunidade e a diversidade biológica das áreas afetadas, aproximando-se o máximo possível de seu estado original. Isso envolve a implementação de medidas para reverter os danos causados e promover a recuperação dos ecossistemas degradados.

De acordo com o Observatório da Restauração e Reflorestamento podemos classificar em três as formas em que áreas degradadas são recuperadas: restauração, vegetação secundária e reflorestamento.

A restauração é conceituada como: “processo de auxílio ao restabelecimento de um ecossistema que foi degradado, danificado ou destruído (Society for Ecological Restoration Science & Policy Working Group 2004)”. Já foi mapeado pelo Observatório um total de 79,13 mil hectares de restauração no Brasil.

Os métodos de restauração variam de acordo com a gravidade e a natureza da degradação, mas podem incluir ações como o plantio de espécies nativas, a remoção de espécies invasoras, a reabilitação de solos degradados, a restauração de corpos d’água e a reintrodução de fauna local. A restauração também pode envolver ações de engenharia ecológica, como a construção de estruturas para controlar a erosão do solo e a recriação de habitats naturais.

A vegetação secundária diz respeito ao: “processo de regeneração natural sem qualquer tipo de intervenção antrópica após algum tipo de corte raso, queimada ou uso para agricultura ou pastagem”. Já foram mapeados 10,99 milhões de hectares em vegetação secundária.

E o reflorestamento é a restauração atrelada ao impacto econômico, sendo classificada como: “plantio silvicultural de espécies nativas e/ou exóticas podendo ocorrer em consórcio ou não, geralmente com fins econômicos”. Tendo 9,35 milhões de hectares mapeados com esse tipo de atividade.

Restauração de área degradadas com sistemas agroflorestais

Restaurar áreas com sistemas agroflorestais é uma prática cada vez mais valorizada por sua capacidade de aliar produção agrícola sustentável à restauração ambiental. Esses sistemas são importantes por diversos motivos, que vão desde a melhoria da biodiversidade até benefícios econômicos e sociais para as comunidades locais. Confira alguns deles:

  • Melhoria da saúde do solo: esses sistemas ajudam a restaurar e manter a saúde do solo. As raízes das árvores ajudam a prevenir a erosão e melhoram a estrutura do solo. Além disso, a matéria orgânica proveniente das folhas e outros resíduos vegetais aumenta a fertilidade do local ao decompor-se e transformar-se em húmus, que retém nutrientes e água.
  • Conservação da biodiversidade: sistemas agroflorestais promovem a biodiversidade ao integrar uma variedade de espécies de árvores e plantas que podem coexistir com culturas agrícolas. Isso cria um habitat mais diversificado, propício para várias espécies de fauna e flora, ajudando a manter ou até mesmo aumentar a biodiversidade local.
  • Sequestro de carbono: os sistemas agroflorestais são eficazes em sequestrar carbono atmosférico, uma chave importante na luta contra as mudanças climáticas. As árvores e outras vegetações nos sistemas agroflorestais absorvem dióxido de carbono durante a fotossíntese, armazenando carbono na biomassa vegetal e no solo.
  • Sustentabilidade econômica: a diversificação de culturas em um sistema agroflorestal proporciona múltiplas fontes de renda para os agricultores, reduzindo o risco financeiro associado à dependência de uma única cultura. Além disso, muitos produtos de sistemas agroflorestais, como frutas, nozes e madeira, podem comandar preços premium no mercado.

Ao promover a restauração de áreas degradadas por meio de sistemas agroflorestais, não só estamos protegendo os recursos naturais e melhorando a vida das comunidades locais, mas também estamos tomando medidas práticas e eficazes contra as mudanças climáticas, destacando a importância dessa abordagem como uma solução baseada na natureza para muitos dos desafios ambientais e sociais contemporâneos.

Quais são os países com grandes áreas ambientais preservadas?

Top 5 países que possuem mais florestas
Fonte: Globalforestwatch
  • Rússia: possui a maior área de natureza selvagem intacta na Europa e na Ásia, abrigando vastas extensões de taiga e tundra siberiana, que são minimamente afetadas pela atividade humana.
  • Brasil: lar da Amazônia, que é frequentemente citada como a maior floresta tropical intacta do planeta. A região amazônica é vital para a biodiversidade global e regulação do clima.
  • Canadá: conhecido por suas extensas áreas selvagens, especialmente na região do Ártico e nas florestas boreais, que são algumas das maiores e mais intactas do mundo.
  • Estados Unidos: enquanto muito do território dos EUA é desenvolvido, ainda existem grandes áreas selvagens protegidas, especialmente no Alasca, que é a maior área selvagem do país.
  • República Democrática do Congo (RDC): desempenha um papel crucial na conservação global devido à sua rica biodiversidade e vastas áreas de floresta tropical, especialmente a Bacia do Congo, que é a segunda maior floresta tropical do mundo após a Amazônia. A RDC enfrenta desafios significativos em termos de conservação, mas também tem feito esforços para proteger seus valiosos recursos naturais.
Top 5 países que ampliaram sua cobertura vegetal 2000-2020
Fonte: https://gfw.global/3Ldkfrj

Desmatamento x aquecimento global

As árvores armazenam grandes quantidades de carbono em sua biomassa. Quando as florestas são desmatadas e queimadas ou as árvores são removidas, esse carbono é liberado na atmosfera na forma de dióxido de carbono (CO₂), um dos principais gases de efeito estufa responsáveis pelo aquecimento global. Parar o desmatamento é crucial por várias razões:

Conservação da biodiversidade: florestas abrigam uma quantidade imensa de biodiversidade, com milhões de espécies de plantas, animais e micro-organismos. O desmatamento resulta na perda irreparável de habitats naturais e na extinção de espécies, afetando negativamente os ecossistemas e a saúde do planeta.

Estabilização do clima: florestas desempenham papel crucial na regulação do clima global, atuando como sequestradores de carbono e ajudando a estabilizar os padrões climáticos regionais.

Segurança alimentar e hídrica: florestas têm importante papel na segurança alimentar e hídrica, fornecendo alimentos, medicamentos, fibras e recursos para milhões de pessoas em todo o mundo. O desmatamento compromete esses recursos, colocando em risco a segurança alimentar e hídrica das comunidades locais e globais.

Economia sustentável: conservar florestas pode gerar benefícios econômicos sustentáveis, incluindo ecoturismo, produção de alimentos agroflorestais e serviços ambientais. Parar o desmatamento e investir em práticas de uso da terra sustentáveis pode promover o desenvolvimento econômico enquanto preserva os recursos naturais para as gerações futuras.

Principal diferença entre preservação e restauração

A principal diferença entre preservação e restauração reside em seus objetivos e abordagens. Enquanto a preservação visa manter ecossistemas naturais, a restauração busca reverter os danos e recuperar áreas degradadas para um estado funcional e saudável. Enquanto a preservação enfatiza a proteção preventiva, a restauração é uma resposta ativa à degradação ambiental. Em resumo, são conceitos distintos, mas complementares, na gestão ambiental.

Além dos benefícios ambientais óbvios, investir na preservação e restauração de florestas também pode gerar retornos significativos para a sociedade e para a economia. A conservação de florestas contribui para a estabilidade do clima, a manutenção da fertilidade do solo e a proteção contra erosão e desertificação, garantindo assim a produtividade sustentável da agricultura e evitando custos associados à degradação ambiental.

Ao mesmo tempo, a restauração de áreas degradadas pode criar oportunidades econômicas, como a geração de empregos na silvicultura, integração lavoura-pecuária-floresta, ecoturismo e produção de itens florestais sustentáveis. Além disso, a recuperação de solos degradados pode aumentar a capacidade de retenção de água e nutrientes, beneficiando a agricultura e reduzindo a necessidade de insumos químicos.

Combinando esforços de preservação, restauração e desenvolvimento econômico, é possível criar um futuro mais resiliente e benéfico para toda a flora e a fauna global. Investir nessas atividades focadas em proteger os ecossistemas de uma forma ou de outra é não apenas uma questão de responsabilidade ambiental, mas também uma medida crucial para garantir a sustentabilidade do planeta e o bem-estar das gerações presentes e futuras.

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