O mercado de bioinsumos no Brasil tem se mostrado promissor e cada vez mais relevante para o setor agrícola. Com a crescente demanda por soluções sustentáveis e a necessidade de redução no uso de agroquímicos, o país se destaca como um dos maiores consumidores e produtores de produtos biológicos no mundo.
Biofertilizantes, bioinseticidas e bionematicidas estão cada vez mais presentes nas lavouras brasileiras, impulsionando o crescimento desse segmento. Além disso, políticas governamentais, como o Programa Nacional de Bioinsumos, lançado em 2019, têm acelerado essa transição e fortalecido o mercado, criando um cenário propício para inovações tecnológicas e investimentos.
O mercado de biológicos no Brasil
Segundo a análise de mercado de bioinsumos, realizada pela Kynetec, o Brasil chegou a movimentar USD 827M no país. A FarmTrak destacou um aumento de 51% no valor dos bioinsumos na colheita de 2022/3, elevando o mercado brasileiro para U$D 827M (+ 33% em relação a 2022), conforme o gráfico abaixo.
Com isso, o mercado de bioinsumos deverá representar 10% da fatia de mercado de defensivos e fertilizantes nos próximos cinco anos, graças à necessidade cada vez maior da proteção de safras e de segurança alimentar no planeta.
O tamanho do mercado de produtos biológicos no Brasil dobrou desde o lançamento do programa nacional de bioinsumos em 2019.
Para o período de 2023 a 2027, a DunhamTrimmer estima uma CAGR (taxa de crescimento anual composto) de 18,3% para biocontroles, uma CAGR de 12,3% para bioestimulantes e uma CAGR total do mercado de produtos biológicos de 16,7%.
Também segundo estudo da CropLife Brasil, o mercado de bioinsumos, que inclui produtos de controle, inoculantes, bioestimulantes e solubilizadores, cresceu 15% na safra 2023/2024, em comparação à safra anterior. Os produtos biológicos agrícolas registraram vendas de R$ 5 bilhões, considerando o preço final para o agricultor. O diretor-presidente da CropLife Brasil, Eduardo Leão, destacou o aumento expressivo do mercado, com a manutenção da taxa média anual de crescimento quatro vezes maior em relação à global.
Mercado de pesticidas biológicos
Embora o mercado de pesticidas químicos continue sendo expressivo, com um crescimento de 3,6% para 4% em 2023 e uma movimentação de US$ 20,772 bilhões, o aumento de soluções biológicas tem ganhado relevância. O uso de defensivos biológicos surge como uma alternativa cada vez mais viável e sustentável, com menor impacto ambiental e um potencial significativo de expansão.
Mercado de bionematicidas e bioinseticidas
Enquanto isso, bionematicidas e bioinseticidas representam 35% de participação e vendas de US$ 291 milhões e US$ 286 milhões, respectivamente. Os bioinoculantes correspondem por 17% do total de US$ 140 milhões. Os biofungicidas representaram 13% do mercado ou US$ 111 milhões, conforme o gráfico abaixo.
Por fim, os biológicos foram utilizados em 33% da área plantada destinada à soja (112 milhões de hectares), além de cobrir 50% da cana-de-açúcar (4,6 milhões de hectares) e 40% do milho segunda safra (6,6 milhões de hectares). Também foram plantados 899 mil hectares de milho verão e 1,046 milhão de hectares de algodão, correspondendo a 20% e 66% dessas lavouras, respectivamente.
Tamanho do mercado global de produtos biológicos
O uso e adoção de biológicos está em plena expansão, e a recente pesquisa da Precedence Reserach mostra que esse mercado, avaliado em USD 14,26 bilhões em 2023, deverá alcançar USD 44,06 bilhões até 2034, com um crescimento anual de 10,8%.
Esse crescimento é impulsionado pela demanda por alimentos orgânicos e agricultura regenerativa. Biopesticidas, biofertilizantes e biostimulantes ganham força como soluções sustentáveis, apoiadas por avanços em pesquisas microbianas e tecnologia de precisão. O mercado norte-americano lidera devido à forte adoção de tecnologias e regulamentações favoráveis.
Quais os principais desafios dos produtos biológicos na agricultura tropical?
Os principais desafios dos produtos biológicos na agricultura tropical incluem a alta variabilidade climática, com temperaturas elevadas e umidade intensa que podem impactar a eficácia e a durabilidade dos produtos biológicos. Além disso, o controle de pragas tropicais mais agressivas e variadas exige soluções específicas, muitas vezes limitadas para o cenário tropical.
Outro desafio é a falta de infraestrutura adequada e conhecimento técnico dos produtores sobre o uso desses insumos, além da necessidade de políticas públicas mais consistentes para fomentar o uso e o desenvolvimento de tecnologias biológicas na região.
Como as multinacionais do agro estão olhando para o mercado de bioinsumos
Recentemente a multinacional indiana PI Industries adquiriu a fabricante americana de bioinsumos Plant Health Care (PHC) por R$ 237 milhões, visando expandir suas operações no Brasil, que se tornará sua plataforma principal para mercados de maior valor agregado. Com essa compra, a PI espera integrar tecnologias emergentes no setor de bioinsumos, focando na inovação e no controle de doenças, como a ferrugem da soja.
O diretor da PHC, Rodrigo de Miranda, destacou que o Brasil é um “campo de provas” ideal devido à sua legislação favorável e à alta demanda por defensivos agrícolas. Apesar dos desafios enfrentados por agricultores, como a baixa previsão de chuvas, a PHC planeja fortalecer seu relacionamento com os produtores, reduzindo preços para atender às suas necessidades, enquanto busca aumentar sua participação no mercado.
Além disso, a Mosaic lançou um “Shark Tank do Agro” para conectar startups com soluções inovadoras ao seu portfólio de produtos biológicos, com a meta de faturar US$ 100 milhões até 2030. A seleção começou com 100 startups, reduzidas a dez, focando em tecnologias que beneficiem os agricultores.
O novo produto da empresa, MBio Stimulus, destina-se a ajudar no desenvolvimento de culturas de soja e milho, especialmente em condições de seca. Com uma área já acessada de um milhão de hectares, a Mosaic busca expandir ainda mais sua atuação no mercado de biológicos, destacando a competitividade e a importância dos bioinsumos na produtividade agrícola.
Melhor momento para confiar nos insumos biológicos
O mercado de biológicos no Brasil está em plena ascensão, impulsionado por uma combinação de fatores como políticas públicas, demanda por práticas agrícolas mais sustentáveis, com menores custos e avanços tecnológicos.
Esse segmento oferece uma oportunidade única para investidores, startups e produtores que buscam integrar inovação e sustentabilidade, devido às perspectivas positivas de crescimento.
O Brasil, como um dos maiores produtores agrícolas do mundo, está bem-posicionado para liderar essa transformação no uso de bioinsumos e consolidar sua posição no mercado global.