Você sabe o que é investimento-anjo? Há muitas boas ideias no mercado e grandes esforços para fazer os negócios acontecerem. O investimento-anjo é fundamental para as empresas em estágios iniciais.
Apesar de ser um investimento de alto risco, ao mesmo tempo pode render dezenas de vezes, gerando retorno ao capital investido. Conheça esse mundo e veja se você tem perfil para ser um investidor-anjo!
O que é investimento-anjo?
O investimento-anjo é um aporte financeiro especial voltado para negócios em estágios iniciais. Geralmente aplicável a startups nas primeiras rodadas de investimento e com objetivo de oferecer recursos financeiros e suporte ao desenvolvimento da ideia de negócio, agregando valor aos empreendimentos.
Entendemos que a busca por um investidor-anjo se compara a um casamento, no sentido de que o relacionamento será de longo prazo. Portanto, é muito importante ambos os lados avaliarem o perfil e a tese de investimento.
O investimento-anjo pode alavancar emprego e renda em um país e, por isso, é fundamental para as economias desenvolvidas.
Esse tipo de aporte pode ser realizado por investidores em conjunto, o famoso grupo de anjo ou rede de anjo, em que visam diluir o risco do investimento, permitindo que os investidores diversifiquem seu portfólio, aumentando as chances de retorno.
Normalmente, o investimento-anjo varia entre R$ 10 mil e R$ 1 milhão, dependendo muito da rede anjo.
- Em 2021 o número de investidores-anjos cresceu 13% quando comparado a 2020;
- O valor médio anual aportado por investidores-anjos foi de R$ 128 mil;
- A representatividade feminina nesse segmento segue crescendo e já representa 16% desse tipo de investimento;
- Agritech é o segmento/setor com maior interesse entre os investidores-anjos;
- As foodtechs estão entre os top 10 setores de preferência dos investidores;
- A maior parte dos investimentos-anjo é realizada por meio de rede de investidores-anjos;
- Um estudo realizado pela Grant Thorton e Anjos do Brasil estima que a cada R$ 1 advindo do investimento-anjo, R$ 5,84 são injetados na economia. O investimento em startups gera aumento do PIB e crescimento da economia.
(Pesquisa Anjos do Brasil)
Como funciona o investimento-anjo?
Por meio de uma rede de anjos, os investidores-anjos se reúnem com os empreendedores para a apresentação do pitch deck. A partir disso, eles avaliam questões centrais do negócio como modelo de negócio, mercado, time, potencial de escalabilidade e perspectivas de valorização, entre outros.
Identificado o potencial do negócio, o investidor negocia o aporte em troca de equity, que são geralmente são realizadas por meio de um contrato de mútuo conversível ou SAFE (Simple Agreement for Future Equity), que é um contrato de participações futuras.
O investimento-anjo por meio das redes de anjo permite a criação de grupos de investidores para ampliar o potencial de investimento. Nessas instituições é possível encontrar:
- redes de contato;
- apresentação de startups;
- assessoramento para documentação; dentre outras viabilidades.
Por outro lado, as startups conseguem maior visibilidade quando apresentadas a essas instituições. Veremos a frente que há várias delas no Brasil.
O que é importante o investidor avaliar antes de aportar em startups?
Antes de investir em startups, os investidores julgam importantes algumas perguntas a serem respondidas pelo empreendedor:
- Capacidade de o time colocar o negócio para rodar?
- O produto vai ter adesão ao mercado?
- Qual é o tamanho desse mercado?
- Esse negócio é replicável e escalável?
- Quanto o founder conhece sobre esse mercado?
- Quais são os diferenciais competitivos? Tecnologia?
Qual o aporte médio do investidor-anjo no ano?
Segundo o levantamento da Anjos do Brasil, em 2021, o aporte médio anual por investidor-anjo foi de R$ 128 mil, representando um crescimento de 4,2% quando comparado a 2020.
Qual foi o volume de investimento-anjo em 2021?
De acordo com a pesquisa da Anjos do Brasil, no ano passado foram aportados por investidores R$ 1.005 bilhões, representando uma alta de 17% quando comparado ao volume investido em 2020.
Quais são os Top 10 segmentos preferidos pelos investidores-anjos?
De acordo com a pesquisa da Anjos do Brasil, os setores preferidos dos investidores-anjo são:
- Agtechs
- Edtechs
- Fintechs
- Healthtechs
- SaaS
- Negócios de impacto
- DeepTech
- Cleantechs
- Foodtechs
- Construtechs
Quantos investidores-anjos o Brasil possui?
De acordo com a pesquisa da Anjos do Brasil, hoje temos cerca de 7.834 investidores-anjos no país.
Abaixo compartilhamos um trecho muito interessante dessa pesquisa, com a qual concordamos:
O aumento do investimento anjo ainda é insuficiente para a demanda das startups.
“O investimento-anjo precisa ser entendido no contexto de sua efetivação por pessoas físicas, não sendo uma atividade profissional para a maioria absoluta dos que investem. Nesse sentido tem um potencial enorme, que ainda não foi atingido com a retomada dos valores pré-pandemia.
O número de startups em estágio inicial que surgiram nos últimos anos no Brasil e que precisam ser financiadas por capital inteligente (Smart Money) tem crescido mais que o volume de capital de anjos, o que mostra a importância de maior fortalecimento das redes de investidores e da criação de políticas de incentivo e estímulo a atividade.” (Anjos do Brasil)
Nós estamos de mãos dadas ao movimento de Investidores Anjos no Brasil. As plataformas de equity crowdfunding são a porta de entrada para a democratização dessa classe de ativo financeiro. Com cheques a partir de R$ 1.000, novos investidores podem ingressar nesse mercado e sentir o impacto do seu investimento nas startups e na economia. Não temos dúvidas que o caminho é esse.
Quais os modelos de negócios preferidos pelos investidores-anjos?
Entre os modelos de negócios preferidos destacam-se B2B e B2C.
Como conseguir um investidor-anjo para sua startup?
É importante destacar que o ideal é que a sua startup já esteja em fase de MVP (Minimum Viable Product) ou Mínimo Produto Viável em Português.
Nesse ponto, sua capacidade de execução, gestão e autocontrole serão essenciais para promover confiança ao investidor e levantar a sua primeira rodada de investimento. Ainda melhor do que isso, é fundamental que o empreendedor se adapte aos principais requisitos como veremos a partir de agora.
Conheça o mercado da sua startup
Acumule conhecimento e expertise sobre o mercado que você pretende atuar. Demonstrar insegurança e desinformação pode ser um tiro no pé. Portanto, pesquise, se aprofunde, conheça os seus concorrentes e principalmente as dores de seu público.
Sugerimos que faça uma análise completa do mercado até mesmo antes de você montar o seu plano de negócios e iniciar o seu MVP. Dessa forma você terá um discurso mais alinhado e técnico para convencer o investidor-anjo.
Conquiste os primeiros resultados
Mesmo que em uma escala menor, é importante que você consiga demonstrar que as suas hipóteses iniciais estão relacionadas às dores do público. À medida que a empresa evolui, aumenta a necessidade de investimentos, mas em um primeiro momento é você quem vai ter que mostrar capacidade de empreender e conseguir os primeiros resultados.
Inicie o MVP definindo o que precisa ser descoberto (e de quem). Os esforços do desenvolvimento de clientes devem engajar um pequeno grupo de early adopters a fim de guiar o desenvolvimento do produto até que surja um modelo de negócio repetível. Quanto antes lançar seu MVP, mais feedbacks terá.
Pesquise Rede de Anjos aderente à sua tese de investimentos
Busque por rede de investidores-anjos que possuem experiência e interesse pelo seu mercado. É possível consultar o portfólio de investimento deles e fazer um benchmarking.
Recomendamos este conteúdo da Endeavor: Mapa de Acesso ao Investimento Anjo
Tenha um bom pitch/oratória
No pitch deck você vai passar informação suficiente para despertar o interesse dos investidores. Saiba que o seu relacionamento não acaba no pitch e provavelmente você terá muitas reuniões com os investidores. Tenha uma apresentação matadora! Abaixo alguns conteúdos e templates:
- The Ultimate Startup Funding Pitch Deck;
- Template Pitch Deck – Inovativa Brasil – ABStartups;
- The Sequoia Capital Pitch Template.
Dedique tempo em relações com investidores/prospects
Planeje sua rodada com o máximo de antecedência e comece o relacionamento com investidores o quanto antes. Tenha em mente que um processo de captação no Brasil leva em média três meses, chegando, em alguns casos, a um ano. Deixe o processo e o cronograma o mais objetivos, alinhados e atualizados possível.
Cadastre seu projeto para captar ou envie um e-mail para os investidores
Cadastre a sua startup por meio de formulários disponibilizados por essas redes de anjos, bem como e-mails para contatos que fazem esse tipo de investimento. Após determinado tempo você receberá o retorno e, caso não receba, faça o follow-up e demonstre interesse nesse investimento.
Outra marca registrada dos investidores-anjos é a falta de tempo. Por isso, o ideal é que você seja claro, objetivo e breve para apresentar o deck em no máximo 15 minutos, o mais importante é abrir as sessões de dúvidas e respostas aos investidores.
Plataformas de Equity Crowdfunding também são alternativas de investimentos para startups Early Stage. Cadastre-se e receba o contato.
O que é o Smart Money?
Como o próprio nome diz, esse investimento transfere inteligência para o negócio. Por isso, além do aporte financeiro, o investidor levará know-how e networking para a startup.
Perceba que a escolha por um aporte mais qualificado como esse pode ser determinante para que o seu negócio consiga resultados mais rapidamente, já que a ideia contará com a expertise e a experiência do investidor, que usará sua rede de relacionamentos que costuma ser densa e estratégica.
Os principais grupos de anjos do Brasil
No Brasil você encontra diversas instituições de apoio. Seria impossível listarmos todas neste artigo, dessa forma listamos algumas:
Anjos do Brasil
O grupo Anjos do Brasil é uma das principais instituições de apoio e fomento ao investimento-anjo. Você pode se cadastrar e ter acesso a experiências, oportunidades de negócios e conhecimento sobre esse tipo de aporte.
A associação sem fins lucrativos atua em âmbito nacional e compartilha cursos, conexões e informações úteis sobre o ambiente de investimento-anjo.
FEA Angels
A FEA Angels é uma rede de executivos, empreendedores e ex-alunos da Faculdade de Economia e Administração da USP que tem a missão de transformar o empreendedorismo por meio de conhecimento, networking e investimento-anjo.
GV Angels
Idealizado por ex-alunos da FGV-EAESP, o GVAngels é um grupo de investidores-anjos que busca fortalecer o ecossistema de inovação e empreendedorismo no Brasil, promovendo o encontro entre bons empreendedores e investidores com experiência.
Harvard Angels
A Harvard Business School Alumni Angels of Brazil (HBSAAB) foi fundada em 2012 por ex-alunos brasileiros da Harvard Business School.
É uma associação sem fins lucrativos, que tem por finalidade facilitar o acesso de empresas nascentes (startups) à parte dos capitais financeiro e humano de que necessitam em suas fases iniciais de crescimento.
Gávea Angels
Já a Gávea Angels é uma instituição com mais de 20 anos de atuação no incentivo ao empreendedorismo. O foco é estimular o apoio a startups de tecnologia e inovação. Participe do grupo e amplie suas oportunidades de investimento.
Curitiba Angels
O grupo Curitiba Angels é outro canal de oportunidade para investidores e startups empreenderem com o aporte do investimento-anjo. Você pode cadastrar o seu projeto ou se tornar um investidor por esse canal.
Angel Investor Club
Angel Investor Club é uma comunidade do ecossistema de inovação. Seu objetivo é fomentar o empreendedorismo por meio de uma grande rede conexões e do investimento-anjo.
Como me tornar um investidor-anjo?
As plataformas de equity crowdfunding são uma excelente alternativa para os primeiros passos. Os grupos e redes de anjo fornecem também uma estrutura completa para você ser inserido nesse mercado.
Quais são as próximas rodadas de captação após o investimento-anjo?
Rodada de investimento Pre-seed
Pre-seed ou capital pré-semente é a rodada de investimento focada em captar recursos para os primeiros estágios da vida da startup. Neste momento os primeiros testes e MVPs são lançados e a captação de investimento é direcionada para a melhoria do produto. As rodadas pre-seed no Brasil giram em torno de R$ 500.000 a R$ 1.500.000.
Rodada de investimento Seed
Rodada seed ou capital semente são rodadas de investimentos em que a startup já possui sinais de validação de produtos, foco para encontrar o PMF (Product Market Fit), um processo de marketing e vendas (máquinas de vendas), personas e soluções já conhecidos.
De forma geral, o estágio seed se caracteriza pela materialização do PMF, ou seja, após a startup validar hipóteses e ter entregado valor para uma base inicial de clientes pagantes com ICP (Ideal Customer Profile) razoavelmente claro.
Os cheques dessa rodada variam de R$ 1.500.000 a R$ 8.000.000.
Plataforma de investimentos coletivo (equity crowdfunding)
A regulamentação CVM 88 permite que plataformas de equity crowdfunding captem até R$ 15 milhões para empresas, com limite de faturamento de até R$ 40 milhões/ano.
É possível investir de forma 100% online em projetos previamente analisados por uma equipe de especialistas e diversificar o portfólio.
Os cheques iniciais são acessíveis e variam de R$ 1.000 a R$ 5.000, dependendo da rodada de captação.
Geralmente, as startups que captam no crowdfunding brasileiro estão no estágio pre-seed ou seed.
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Series A
Nessa fase de captação a startup já tem uma sintonia perfeita entre mercado, produto e canal de distribuição. O dinheiro levantado nesta rodada é utilizado para otimizar a base de usuários e criar novas ofertas de produtos e serviços, é uma oportunidade para dimensionar o produto em diferentes mercados.
Na Série A os fundos esperam que a startup tenha um plano concreto para desenvolver um modelo de negócio que gere lucro em longo prazo.
Os valores ofertados estão entre R$ 15.000.000 a R$ 120.000.000. Fundos Venture Capital e Private Equity são investidores que, geralmente, participam dessas rodadas investindo em startups nesse estágio.
Series B
Se a startup tiver uma boa performance na Series A provavelmente terá o follow-on dos investimentos pelos fundos de Venture Capital. O principal ponto nessa e nas demais séries são ganho de mercado, geração de caixa, aquisições de empresas etc.
Series C
Este é o último estágio que abordaremos neste artigo. Na rodada de captação Series C os investidores procuram empresas com participação considerável no mercado e nas quais a injeção de recursos serve para expansão internacional e aquisição de concorrentes para domínio de mercado. Altos retornos são esperados pelos investidores neste momento, e a equipe de fundadores geralmente encontra-se bem diluída.
As rodadas de captação nessa Série variam entre U$ 120 a 250 milhões de dólares.
Conclusões
O número de startups em estágio inicial que surgiram nos últimos anos no Brasil e que precisam ser financiadas por capital inteligente tem crescido mais que o volume de capital de anjos, o que mostra a importância de maior fortalecimento das redes de investidores e da criação de políticas de incentivo e estímulo à atividade.
Com transformações digitais e sociais avançando, é hora de a sociedade encarar os empreendedores brasileiros como elemento capaz de transformar o destino do país. Precisamos apoiar e criar um ambiente mais favorável aos que arriscam, falham, aprendem e retornam melhores e fortalecidos pelas cicatrizes dos erros. Como diria Elon Musk, “Falhar é uma opção aqui. Se você não está errando, você não está inovando o suficiente.”
Se você se interessou um saber mais sobre essa modalidade de investimento deixe um comentário que entraremos em contato.