Fundada em 2018, em Ribeirão Preto, por Johann Coelho, a BemAgro une inteligência artificial (IA) e visão computacional para otimizar dados provenientes das culturas e potencializar a produção agrícola.
História e dor de mercado
Idealizada em uma sala da Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade da USP de Ribeirão Preto (FEA-RP) por Johann Coelho aos 21 anos de idade, a Bem Agro teve sua história iniciada em 2018.
De início, a empresa se dedicava a validar hipótese de como a tecnologia dos drones poderia agregar valor ao segmento. Após identificar diversas dores inerentes à produção agrícola, a empresa iniciou o desenvolvimento para atender ao mercado de cana-de-açúcar e posteriormente expandiu para outros cultivos e regiões.
A empresa foi fundada por um grupo de empreendedores com o objetivo de transformar a agricultura por meio da tecnologia, que enxerga o potencial e a aplicabilidade da inteligência artificial no agronegócio. A motivação por trás da criação da BemAgro era provar ser possível produzir mais com menos recursos, utilizando inteligência artificial e visão computacional para otimizar os processos agrícolas.
Esses empreendedores perceberam que a agricultura enfrentava desafios significativos, incluindo a necessidade de aumentar a produtividade, reduzir os custos e promover práticas mais sustentáveis. Os fundadores viram na tecnologia a oportunidade de enfrentar esses desafios, fornecendo aos produtores rurais insights precisos e ferramentas avançadas para tomada de decisões.
Desde sua fundação, a BemAgro tem buscado constantemente inovação e excelência, expandindo suas operações e fortalecendo sua presença no mercado agrícola. A empresa tem sido reconhecida por sua dedicação ao desenvolvimento de soluções tecnológicas inovadoras para os desafios enfrentados pela agricultura moderna.
Como a BemAgro ajuda o produtor?
A BemAgro é uma agtech de processamento de imagens e dados para agricultura que utiliza inteligência artificial e visão computacional para processar dados captados por tratores, drones e satélites. Por meio de sua plataforma de processamento, eles transformam os dados brutos em relatórios agronômicos que aumentam a produtividade e reduzem os custos dos clientes.
Eles possuem uma plataforma de inteligência artificial que acompanha o produtor durante todo o ciclo da safra, desde o preparo do solo até a colheita. Com um vasto conjunto de Relatórios Agronômicos e Projetos de Sistematização, a plataforma é especializada em planejamento, gestão e monitoramento em diversas culturas, como cana-de-açúcar, grãos, algodão e culturas perenes.
Por meio dessa plataforma, os produtores podem realizar inspeções direcionadas e monitoramento em larga escala, o que permite a geração de relatórios detalhados. Esses relatórios transformam dados brutos em informações acionáveis, auxiliando na tomada de decisões desde o plantio até a colheita. Dessa forma, os agricultores podem extrair o máximo potencial da área produtiva e das tecnologias embarcadas em suas máquinas agrícolas.
A plataforma desenvolvida pela startup oferece uma gama de 180 cenários potenciais, todos direcionados a minimizar o consumo de insumos e otimizar a eficiência das máquinas e da mão de obra agrícola. Essa tecnologia tem o poder de reduzir significativamente, em até 80%, o uso de defensivos, enquanto também diminui em 25% o número de manobras necessárias com o maquinário no campo. Junto disso, ela viabiliza um aumento notável de 5% a 10% na densidade de plantio na mesma área cultivada.
Além disso, a BemAgro também se destaca por sua abordagem sustentável, buscando reduzir o uso de insumos agrícolas e promover práticas mais ambientalmente amigáveis. Ao fornecer dados precisos e análises detalhadas, a empresa ajuda os produtores a otimizar o uso de recursos, reduzir o desperdício e minimizar os impactos ambientais de suas operações.
Eles comercializam suas soluções no formato de SaaS (software as a service), e com diferentes produtos como planejamento, gestão e monitoramento da lavoura, cada solução é envelopada em módulos que dão ao cliente a possibilidade de processar os dados, visualizar, baixar, armazenar e consolidar os resultados em único local para a tomada de decisão.
Rodada de captação da BemAgro
A BemAgro iniciou como bootstrapping, em 2018, começando suas operações com capital próprio dos sócios-fundadores. Em 2019 a startup teve sua primeira rodada de investimentos, sendo uma rodada Seed com o aporte da Israel Agrotech (IAT), empresa composta por sócios israelenses e brasileiros que permitiram que a agtech se desenvolvesse e aprimorasse sua plataforma de processamento, automatizando processos e lançando novos produtos para o mercado de grãos e fibras.
Recentemente, em fevereiro de 2024, a empresa recebeu um aporte de R$ 10,2 milhões em uma rodada privada liderada pela gigante CNH Industrial, dona das marcas New Holland e Case IH. A captação foi por um round pré-series A de equity, estruturada pela Arara Seed. Além da CNHi, participaram da rodada investidores como Rural Ventures, MMAgro e Agroven, solidificando a confiança na solução da BemAgro por parte de empresas e especialistas do segmento.
A liderança da CNHi no investimento é parte do apoio que a multinacional de origem italiana, com faturamento de US$ 24,7 bilhões (R$ 123,6 bilhões, na cotação atual), tem dado ao ecossistema de startups.
“A CNHi é uma empresa global do agro, ela tem uma cultura baseada na inovação colaborativa, reunindo as soluções das melhores agtechs do mercado para compor o ecossistema de soluções do AGXTEND. Além da CNHi, estamos por reunir investidores e parceiros estratégicos relevantes, como Rural Ventures, MMAgro, Agroven e Arara Seed, todos do setor agro, inserindo smart money em nossa operação”, conclui Johann Coelho.
Os recursos obtidos foram direcionados para diversas áreas-chave da empresa, incluindo o avanço no desenvolvimento da plataforma, a ampliação da equipe comercial e de pós-vendas e, principalmente, na intensificação do processo de internacionalização que também está sendo apoiado pela CNH Industrial.
Marcos estratégicos e visão de longo prazo
- Desenvolvimento da parceria e validação da tecnologia com a CNHi em 2018
- Recebimento aporte Seed Israel Agrotech 2019
- Desenvolvimento da Plataforma BemAgro 2020
- Aquisição de novos clientes na Ásia/Pacífico e LATAM 2021
- Ganhou o Prêmio Startup 2022 da Agrishow, ficando entre as 10 melhores agtechs do país
- Ampliação dos produtos para áreas de grãos e fibras em 2022
- Rodada de investimento pré-series A em 2024
- Início da internacionalização em 2024
Sobre a internacionalização, Johann Coelho está otimista com os próximos passos da agtech. Em outros países da América Latina, a meta é chegar a 250 mil hectares até 2026, em fazendas do Paraguai, Argentina, Colômbia e Guatemala. Já na Ásia, onde a startup hoje atende 60 mil hectares na Tailândia e Indonésia, a área total deve ser de 150 mil hectares em 2025. “Na Europa, estamos conduzindo testes iniciais em vinícolas da França, com a CNHi, e nos Estados Unidos retomamos testes esse ano, e esperamos expandir nossas operações.” A meta da agtech é que 30% de seu faturamento venha de operações internacionais num período de cinco anos, a partir de 2024.